O luto e a terapêutica em psicanálise
Falar em terapia do luto, parece ter sentido se o luto é considerado como “complicado” e o estado de luto como algo patológico, como um sintoma. Ao contrário, para a psicanálise, o luto é um trabalho psíquico de elaboração de perdas. Assim o luto realizado é o que produz uma terapêutica, enquanto que sua impossibilidade, pode ser fator predisponente ao adoecer, desencadeante de sintomas de ordem psíquica ou orgânica.
A terapêutica em psicanálise diz de uma separação da coisa, de objetos, de identificação, do fantasma, de amor, pela via da palavra. A libido fixada nesses objetos, se despreende, podendo se ligar a outros objetos, e dando lugar ao desejo, após a realização de um luto, devido a outra forma de representação, simbólica, do perdido, distinta do eu.
Uma análise se inicia quando um sintoma, que diz de um sujeito, implica em satisfação e sofrimento. Este é sinal de que o ser esta afetado em sua carência, devido a um ou vários evento(s) significativo (s). No curso de uma análise, deve ocorrer a elaboração de perdas, diga-se da castração. A travessia do fantasma é uma terapêutica, promove uma separação de um objeto imaginário de identificação, algo do imaginário passa para o plano simbólico. O que está recalcado e construído no plano simbólico pela via da palavra.
Acolher o luto e dar lugar para a vivência de perdas e sua elaboração pela palavra, e também acolher um sujeito em sofrimento pela falta a ser.
Isso e o que se submeter a psicanálise pode nos ensinar, construímos um saber analisante.